quinta-feira, 16 de abril de 2015

Bhaktapur nos útimos instantes

Senhora pedindo esmola
Me restava um dia em terras nepalesas. Ainda não tinha ido à antiga capital (capital até metade do século XV), uma cidade histórica, Bhaktapur. Famosa pela cultura, monumentos, esculturas em terracota e argila, templos e por ser a antiga sede do governo, onde a família real morava. Não podia perder a chance de visitar esse lugar. Também não queria faltar ao último dia de trabalho no asilo e no orfanato. Uma missão quase impossível.


Entre o trabalho no asilo e o orfanato existia um intervalo de cerca de 3 horas e meia. Depois de lavar o chão e um quarto no asilo, peguei um ônibus, sem nem saber onde descer. Apenas disse Bhaktapur e o cobrador, como costume dessa profissão lá, sempre pendurado na porta do ônibus, falou que sim. Sorte minha que o povo nepali é muito amigável. No ônibus um cara que estava sentado ao lado puxou papo. Ia para a mesma cidade e disse que podia me mostrar o caminho, ia na mesma direção com a irmã e um tio. A sorte é para quem faz e procura. Em pouco tempo consegui chegar a praça durbar, onde toda a estrutura antiga da cidade se mantém.


Praça Durbar


O ingresso custa 1500 rúpias, bem salgado se comparado com outros lugares. Antes mesmo de entrar chovem guias em cima de você, cheios de boa intenção e querendo dinheiro. Minha primeira ação foi afastá-los e ignorá-los. Como estava no meu horário de almoço, fui no primeiro restaurante lá dentro para engolir algo. Não faça isso. Coma do lado de fora. Tudo do lado de fora é mais barato. Ainda me restavam duas horas e meia antes de ir para o orfanato, mas olhando para aqueles prédios antigos me encontrei perdido, o lugar é enorme.

Um guia que ainda não havia aparecido me convenceu, me contou as histórias sobre o rei, o esquema de segurança da cidade, como a água era distribuída, os templos, sobre terremotos que destruíram a estrutura de muitos prédios e depois o governo construiu de novo. Não queriam perder aquele tesouro no vale de Kathmandu. Já que estava lá e com pouco tempo, me cobrou 500 rúpias.

Artesanato tradicional
Eles fazem muito artesanato. Queimam nas praças a argila que se transforma em peças de decoração. Uma das 3 escolas de pintura de mandala estão lá. Inclusive, Dalai Lama esteve com o mestre dessa escola e trocaram ideias sobre as mandalas. Fizeram uma enorme de areia, cheia de detalhes e cores, e depois jogaram tudo no rio, representando a vida. Nada é para sempre, tudo é passageiro. 

Uma cidade que vale a pena conhecer e que fiquei muito grato por ter conseguido ir. Eles fazem jogo e festivais nas praças de lá, é bom ficar atento quando for para as datas comemorativas. Com certeza vai ser muito mais divertido e interessante. Corri para o orfanato, o guia me conseguiu um táxi um pouco mais barato.

Foi triste me despedir, os grandes e pequenos demonstraram que sentiriam falta e meu coração ficou apertado, mas estava feliz em ir para casa. Eles me presentearam com uma espécie de cachecol para quem se vai e brincamos por 3 horas.
Nunca esquecerei daqueles rostos e das risada, de como eram felizes, de certa forma, embora todas as adversidades. Dos idosos, que conseguem se expressar com olhares tão profundos, que as palavras se fazem desnecessárias. Desse país que mesmo pobre tem muito a oferecer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário