quinta-feira, 9 de abril de 2015

Greve

A promessa era de 3 dias de paralisação, sem ônibus, táxis e lojas fechadas das 5 da manhã até às 5 da tarde. O povo do Nepal quer uma nova constituição. O sistema republicano foi implantado por aqui em 2008, depois de golpes de estado e diversas confusões com os antigos reis. As coisas ainda parecem estar se ajeitando. A constituição, historicamente nova, não agrada e o governo não aprova as mudanças que todos querem. Dois partidos e governo se reuniram na quinta-feira, dia 9, e ficou decidido uma assembléia constituinte para o dia 13, próxima segunda-feira. Assim, a paralisação que seria de 3 durou apenas 1 dia.


Manifestantes reunidos
(o vídeo ainda não consegui colocar)

Nas ruas, era estranho não ver todo aquele movimento e barulho. Algumas pessoas reunidas e palavras de ordem, apenas. Alguns gritavam nos alto-falantes e instruíam o restante. Mas tudo bem pacífico, sempre. 

Como não havia táxis ou ônibus, só podíamos ir para alguns projetos. Asilo em Pashupati e um novo orfanato. 

Ruas sem carros. Apenas pedestres
e ciclistas ocupavam as vias
Agora, como haviam chegado mais voluntários, estávamos trabalhando em mais um orfanato, e em um novo asilo também.

O novo asilo era um prédio maior, com 3 andares em um bom terreno, grande e espaçoso. Porém, não existe muito amor ali. Em pashupati, em uma situação bem mais precária, as coisas funcionam bem melhor. No novo, os quartos estavam imundos. Parecia que não limpavam por pelo menos um ano o lugar. Havia comida estragada embaixo do colchão, um formigueiro inteiro embaixo da cama, até faca achamos. O cheiro em alguns aposentos era insuportável. Fizemos o melhor que podíamos. A diretora do local só parece se preocupar em colocar nas paredes os nomes dos doadores de milhares de rúpias.

No dia após a greve ter acabado, demos banho nos senhores. Peles mortas e grossas, com muito esfregão acabaram mais limpas. Eles lutavam um pouco no começo, por causa da água fria e a falta de costume, pelo que pareceu. Tivemos que carregar um deles nos braços até as cadeiras no sol, onde com baldes jogávamos água e passávamos sabonete. Este senhor se sentiu tão bem depois da limpeza do corpo, que no auge dos 80 e poucos anos, não queria mais sair do banho de balde. Fez alongamentos e sorria leve. A alma estava também mais limpa.

A reta final se aproxima e ainda quero fazer alguns passeios e poder ficar sozinho para pensar na vida... Até breve!

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